O impeachment de Collor se desenvolveu ao redor do processo de impeachment contra o presidente brasileiro Fernando Collor de Mello. O empresário Paulo César Farias foi tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello e Itamar Franco, nas eleições presidenciais brasileiras de 1989. Foi a personalidade-chave que causou o primeiro processo de impeachment da América Latina, em 1992. O processo, antes de aprovado, fez com que o presidente renunciasse ao cargo em 29 de dezembro de 1992, deixando-o para seu vice Itamar Franco. Collor ficou inelegível durante 8 anos. Acusado por Pedro Collor de Mello, irmão do presidente, em matéria de capa da revista Veja, em 1992, Paulo César Farias seria o testa de ferro em diversos esquemas de corrupção divulgados de 1992 em diante.
Em valores atuais, o "esquema PC" arrecadou, exclusivamente de empresários, o equivalente a 8 000 000 de dólares estadunidenses (ou 15 000 000 de reais), em dois anos e meio do governo Collor (1990-1992). Nenhuma destas contribuições teve qualquer ligação com benefício ao "cliente" de Paulo César por conta de favor prestado por Fernando Collor. O "esquema PC" movimentou mais de 1 000 000 000 de dólares estadunidenses dos cofres públicos. Jamais apareceu qualquer prova de que PC Farias fosse ligado ao narcotráfico.
A campanha foi marcada pelo tom emocional adotado pelos candidatos e pelas críticas ao governo de
José Sarney. Collor se autodenominou "caçador de
marajás", que combateria a
inflaçãoe a
corrupção, e "defensor dos descamisados". Lula, por sua vez, apresentava-se à população como entendedor dos problemas dos trabalhadores, notadamente por sua história no
movimento sindical.
Embora inicialmente tenha reduzido a
inflação, o plano trouxe a maior
recessão da história brasileira, resultando no aumento do desemprego e nas quebras de empresas. Aliado ao plano, o presidente imprimia uma série de atitudes características de sua personalidade, que ficou conhecida como o "jeito Collor de governar".
Era comum se assistir a exibições de Collor fazendo
cooper, praticando esportes, voando em caças da
Força Aérea Brasileira e subindo a rampa do
Palácio do Planalto, comportamentos estes que exaltavam suas supostas jovialidade, arrojo, combatividade e modernidade. Todos expressos em sua notória frase "Tenho aquilo roxo".
Por trás do jeito Collor, montava-se um esquema de corrupção e tráfico de influência que veio à tona em seu terceiro ano de mandato.
Em reportagem publicada pela revista
Veja, na sua edição de
13 de maio de
1992,
Pedro Collor de Mello acusava o tesoureiro da campanha presidencial de seu irmão, o empresário
Paulo César Farias, de articular um esquema de corrupção de tráfico de influência, loteamento de cargos públicos e cobrança de propina dentro do governo.
O chamado "esquema PC" teria, como beneficiários, integrantes do alto escalão do governo e o próprio presidente. No mês seguinte, o
Congresso Nacional instalou uma
Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso. Durante o processo investigatório, personagens como Ana Accioly, secretária de Collor, e Francisco Eriberto, seu ex-motorista, prestaram depoimento à comissão confirmando as acusações e dando detalhes do esquema.
Um dos expedientes utilizados por Paulo César era abrir contas "fantasmas" para realizar operações de transferência de dinheiro arrecadado com o pagamento de propina e desviado dos cofres públicos para as contas de Ana Accioly. Além disso, gastos da residência oficial de Collor, a
Casa da Dinda, eram pagos com dinheiro de empresas de Paulo César Farias.
Aprovado por 16 votos a 5, o relatório final da comissão constatou, também, que as contas de Collor e Paulo César não haviam sido incluídas no confisco de
1990. Foi pedido, então, o
impeachment do presidente.
Em agosto, durante os trabalhos da comissão, a população brasileira começou a sair às ruas para pedir o
impeachment. Com cada vez mais adeptos, os protestos tiveram, como protagonista, a juventude, que pintou no rosto o "
Fora Collor" (com um "l" verde e o outro amarelo) e o "
Impeachment Já": era o movimento dos "
caras-pintadas".
Em votação aberta, após tentativa de manobra do presidente para uma sessão secreta, os deputados votaram pela abertura de processo de impeachment de Collor. Foram 441 votos a favor (eram necessários 336), 38 contra, 23 ausências e uma abstenção.
Collor renunciou ao cargo, mas, com o processo já aberto, teve seus direitos políticos cassados por oito anos, até
2000.